«A questão das pessoas é o drama do Alentejo, faltam estratégias para conseguimos atrair e fixar pessoas»
«A questão das pessoas é o drama do Alentejo, faltam estratégias para conseguimos atrair e fixar pessoas», afirmou João Assunção, gestor do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), durante o LINK LAB ÉVORA, uma iniciativa no âmbito do projeto AEP Link, que promove a cooperação entre as PME e outros stakeholders, e que decorreu dia 10 de outubro, no PACT.
Pedro Janeiro, strategy & operations manager da Deloitte, moderou o painel sobre Economia Digital e Cooperação, promovido pela Konica Minolta e ANJE, que contou com as intervenções de Hugo Serra Lopes, diretor nacional da ANJE, de João Assunção, de Victor Dordio, diretor geral da Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo (ADRAL), de Ricardo Carneiro, IMS pre-sales consultant da Konica Minolta, e de Nuno Ferreira, CEO da Rebis.
Hugo Serra Lopes, Ricardo Carneiro, Nuno Ferreira, João Assunção, Victor Dordio e Pedro Janeiro
Victor Dordio realçou que têm acompanhado a evolução digital, «mas existe a questão da localização geográfica, que nos coloca à margem. Temos um problema cultural, um espírito profundamente individualista, que é característica do alentejano, e por isso não cooperamos com o outro». «Vamos colaborando numa base de navegação à vista. Temos colaborado com o PACT, com as instituições de Ensino Superior, e temos tentado criar um núcleo duro, mas ainda existe um deficiente funcionamento das entidades», destacou.
João Assunção partilhou do mesmo diagnóstico da região. «O facto de sermos duplamente marginais quer do ponto de vista interno e da Europa, ao nível tecnológico não é problemático, pois o local físico de trabalho é um pouco irrelevante. Temos que tornar essa marginalidade numa oportunidade».
«A nossa missão é tentar fazer uma transparência do que é feito em instituições de Ensino Superior, dos centros de investigação e colocar isso ao serviço dos nossos empresários e região. Temos de dar o salto qualitativo quer ao nível digital, quer da internacionalização, e dar esse impulso para a região», disse João Assunção.
«O despovoamento e a desertificação continua a preocupar-nos. As povoações do interior estão envelhecidas, o que dificulta a criação das redes de cooperação e captação e fixação de mais jovens na região, mas acreditamos que vamos dar a volta a isto», sublinhou Victor Dordio.
Hugo Serra Lopes destacou que foram dados passos importantes nos últimos anos do ponto de vista das infraestruturas, «mas agora falta a massa crítica. A economia digital é uma oportunidade, mas é uma questão de escala. É necessária a proximidade para conseguirmos melhorar a performance nos diversos projetos. Estamos num mundo mais competitivo, em que o mundo é mais global».
Nuno Ferreira deixou alguns conselhos sobre oportunidades concretas de economia digital, de como fazer negócios para todo o mundo. «Estamos num setor de atividade que está em crescimento, o que também facilita o processo. Temos de aprender com o que foi feito noutros países e que teve bons resultados. Quanto à atração de pessoas, temos de começar pelos mais novos, falar dos problemas para começar a cooperar.»
Ricardo Carneiro falou das grandes tendências e mudanças na área digital. «As oportunidades surgem, mas têm de ser trabalhadas nesse sentido. Vejo que qualquer cliente tem problemas e as oportunidades surgem numa simples conversa.» «Denoto que as pessoas ficam agarradas ao que aprendem na faculdade e têm dificuldade de ver para além disso. As instituições de Ensino Superior estão focadas em cumprir um plano teórico, e muitas vezes não têm em conta as necessidades do mercado», afirmou Ricardo Carneiro.
Como ter e alcançar o sucesso?
«Todos os nossos espaços físicos de incubação estão cheios. Claramente falta um salto quantitativo e de escala, sobretudo de infraestruturas, para conseguirmos captar mais jovens», destacou João Assunção. «Deixar os jovens focarem-se no que sabem mais, dedicarem-se àquilo em que são bons, até estarem capazes de darem o salto qualitativo e internacionalizarem-se. Ajudamos os jovens empreendedores a procurarem parceiros de investimento, a colocá-los em contacto com redes de investigação e desenvolvimento.»
Hugo Serra Lopes indicou que «há três tipos de empreendedores empresários: o que é sucessor de uma empresa familiar, o que tem ideias e monta a sua empresa, e o que é estimulado no seu percurso académico – é neste último tipo que podemos atuar mais e onde a ANJE tem investido, sobretudo com a realização de roadshows a nível nacional e internacional».
Para fechar o painel, os oradores deixaram alguns conselhos aos jovens empreendedores e empresários. Victor Dordio incentivou a que os empreendedores tragam outros e iniciem projetos de cooperação. «Temos todas as condições no Alentejo para os jovens empresários, para podermos trabalhar e dar o salto qualitativo. Todos nós temos ideias e é uma questão e não teremos medo. Estamos cá para vos apoiar e transformar o vosso negócio, pois a cooperação permite multiplicar conhecimento» desafiou João Assunção.
Nuno Ferreira apelou para que as instituições de Ensino Superior conheçam as empresas e descubram projetos concretos com utilidade que os estudantes possam desenvolver. Ricardo Carneiro falou de aumentar a produtividade, motivando os jovens e capacitá-los para criarem o seu emprego. Já Hugo Serra Lopes salientou a inovação e a sustentabilidade, e a importância de olhar a longo prazo em termos económicos.
Luís Manuel Ribeiro, presidente da AEP, encerrou o LINK LAB ÉVORA, em
que mostrou o grande desafio que têm feito em promover a cooperação entre diferentes
atores, saberes e territórios. «Ainda faltam soft skills aos nossos jovens, que os nossos empresários têm (a capacidade
de acreditar, de serem resilientes). Ainda temos um problema de partilha, de
relacionamento com os outros. O passo seguinte é ter a atitude e fazer
acontecer. Devemos continuar a apostar nas empresas e na iniciativa privada. Partilhar
o que é feito e acrescentar valor, em cooperação, para construir um país melhor»,
rematou o presidente da AEP.
Luís Miguel Ribeiro
O LINK LAB ÉVORA foi promovido pela AEP – Associação Empresarial de
Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, que conta com o envolvimento da
Deloitte, com o apoio da Konica Minolta, da Crédito y Caución e da Iberinform,
e com a colaboração da ANJE. O projeto AEP LINK é cofinanciado pelo Compete
2020, pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
(FEDER).