«Cada vez mais as empresas têm de focar o seu negócio no contacto com o cliente»
«Cada vez mais as empresas têm de focar o seu negócio no contacto com o
cliente», foi um dos alertas do painel da Economia Digital, deixado por Nuno
Soares, responsável de Sistemas de Informação da AdRA – Águas da Região de
Aveiro, durante o LINK LAB AVEIRO, uma iniciativa no âmbito do projeto AEP Link,
que promove a cooperação entre as PME e outros stakeholders, e que decorreu de 19 de setembro,
na AIDA – Associação Industrial de Aveiro.
Júlio Boga, senior account manager na Deloitte, moderou o painel sobre Economia
Digital, promovido pela Konica Minolta, que contou com Joel Santos, OPS
consultant da Konica Minolta, Nuno Soares, e Rafael Almeida, diretor do Serviço
de Informática e Análise de Sistemas do Centro Hospitalar do Baixo Vouga.
Júlio Boga, Nuno Soares, Rafael Almeida e Joel Santos
Sobre o tema da presença da Economia Digital nas empresas, Joel Santos
indicou que a resistência à mudança ainda é uma das grandes barreiras, embora
as empresas estejam mais conscientes para a mudança. Rafael Almeida destacou
que o utilizador tem de perceber as mais-valias das tecnologias. «Um dos
exemplos é o projeto SNS sem papel. Hoje um profissional de saúde tem mais de
95% das ferramentas em forma digital».
«Na nossa empresa, a informação é automatizada e funciona em tempo
real, o que permite ganhos de eficiência e a gestão dos recursos, e para bem do
meio ambiente», explicou Nuno Soares. «O que se avizinha é lidar com as
questões emergentes, como a questão da mobilidade, da cibersegurança, que não é
recente, mas que nos acompanha, e a inteligência artificial, que vai diminuir o
risco de impacto negativo da operacionalização do negócio».
Relativamente à aproximação ao cliente, para Joel Santos, «o cliente
assume uma nova centralidade. Nós aproveitamos as necessidades dos clientes
para desenvolver o produto e criar um serviço, tentamos ser mais flexíveis,
mais credíveis com processos mais rápidos. O cliente exige disponibilidade
imediata e é aí que nos tentamos posicionar.»
Rafael Almeida abordou ainda a questão do investimento na tecnologia. «Somos
extremamente abertos à inteligência artificial, que já está muito presente. 98%
das unidades hospitalares têm a mesma estrutura de base de dados, o que se
traduz em muito conhecimento. Os próprios utentes querem cada vez mais serviços
digitais, e mais informação».
A cooperação
e a partilha ainda são vistas como "concorrência”
O LINK LAB prosseguiu com uma mesa dedicada à cooperação, promovida
pela AIDA – Associação Industrial de Aveiro, e moderada por Ivan Silva, diretor
do Diário de Aveiro, e com a participação de Carla Vieira, responsável pelo
Gabinete de Relações Exteriores e da Enterprise Europe Network da AIDA, Carlos
Alves, CEO da HFA – Henrique, Fernando & Alves, e Hugo Coelho, diretor do
PCI – Creative Science Park Aveiro.
Ivan Silva, Carla Vieira, Carlos Alves e Hugo Coelho
À questão da importância da internacionalização, Carla Vieira indicou
que «ainda encontramos uma mentalidade de resistência à internacionalização. No
apoio que temos vindo a fazer nesse sentido, verificamos que em algumas das
missões, as empresas que vão connosco acabam por criar uma parceria entre eles
e fazem ações em conjunto. A cooperação ajuda a dar a conhecer as nossas
empresas e o nosso país. Temos muitos protocolos para continuar a apoiar as
empresas, num caminho que não é fácil de percorrer».
Carlos Alves frisou que «os industriais ainda hoje vêem o vizinho como
um concorrente e não como um parceiro, o que é um obstáculo à inovação». «Se
trabalharmos em parceria é muito mais fácil atingir os objetivos, porque juntos
somos mais fortes. É preciso uma mudança cultural, porque sozinhos nada se
consegue. Trabalhar em equipa é o nosso DNA e é o que fazemos todos os dias»,
reiterou o CEO da HFA.
Já Hugo Coelho destacou o bom exemplo que representa. «O Parque Ciência
resulta mesmo da cooperação. O nosso crescimento está assente em três vectores:
juntámos o poder local, o conhecimento científico e o setor empresarial.
Desenvolvemos o parque nestes vectores e fomos incorporando associações
empresariais. Alavancar o networking entre todos é uma das nossas missões».
Carlos Alves salientou que as empresas ainda hoje não partilham nas
plataformas digitais o que fazem. Ainda não existem nas universidades cursos
ligados à área da produção. Vantagem em relação aos chineses e países de leste
é a proximidade com que trabalhamos com os clientes, já que utiliza os
componentes mais atuais. Não é fácil ter uma resposta rápido quando os
fornecedores são estrangeiros – é uma peça muito importante.
Carla Vieira ainda falou da concretização de oportunidades de negócio
que têm conseguido com as redes internacionais. «Com sessões de networking, podemos
ajudar a que as empresas ganhem dimensão no mercado e trabalhem na base da
cooperação. Vamos continuar neste processo que nem sempre é fácil mas
conseguiremos.»