«Os empresários devem ter coragem para arriscar e investir»
«Os empresários devem ter coragem para arriscar e investir», desafiou José Lousado, presidente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, durante o LINK LAB VISEU, uma iniciativa no âmbito do projeto AEP Link, que promove a cooperação entre as PME e outros stakeholders, e que decorreu na manhã de 3 de outubro, na Associação Empresarial da Região de Viseu (AIRV).
Gonçalo Silva, strategy & operations consultant na Deloitte, moderou
o painel sobre Investimento, promovido pela Iberinform, que contou com a
participação de Manuel Lavadinho, head of major accounts da Iberinform e José Paulo
Lousado.
À questão sobre quais os constrangimentos para as empresas não investirem, Manuel Lavadinho respondeu que é essencialmente o problema da dimensão das empresas em Portugal, que na sua maioria são micro e pequenas empresas, o que se torna difícil quando as mesmas se querem internacionalizar.
José Paulo Lousado partilhou a mesma opinião, e referiu outras dificuldades. «Lamego sofre do problema da interioridade. As empresas são de âmbito familiar, e têm ausência de quadros técnicos, o que limita a ampliação do número de colaboradores, sobretudo nas áreas da automação, da eletrónica e das tecnologias de informação». «Mas Viseu tem já criou protocolos de cooperação de conhecimento e de investigação para a área das tecnologias de informação e comunicação. E começa a ser visto com outros olhos a questão dos jovens do litoral virem estudar para o Interior», disse.
Sobre a procura de investimento, Manuel Lavadinho referiu que «hoje cada vez mais as empresas recorrem a várias estratégias. As empresas externas vêm buscar empresas pequenas portuguesas para determinados nichos de negócio. Muitos gestores ainda desconhecem determinadas ferramentas de gestão, e é importante ter conhecimento. Os jovens têm de ter noção das dificuldades do investimento e dos pagamentos, por exemplo».
Na questão final, sobre quais as prioridades das empresas e das instituições públicas relativamente aos investimentos, José Paulo Lousado sublinhou que existem desafios constantes, e por isso lançou o repto de «apostar no Interior, capitalizando o investimento e o conhecimento que é feito e produzido nas instituições de Ensino Superior, e juntar estas instituições com as empresas é fundamental».
Manuel Lavadinho ainda falou dos métodos existentes para diminuir o risco, e deixou o conselho para os empresários analisarem a carteira de clientes, para verificar se não há risco. «Cada vez mais, o conhecimento organizado e estruturado é fundamental para a gestão das empresas», rematou.
«A colaboração é inevitável à nossa sobrevivência»
«A colaboração é inevitável à nossa sobrevivência» admitiu João Cotta,
presidente da direção da AIRV, no painel dedicado à cooperação, promovido pela AIRV,
e moderada por António Laranjeira, partner da Midlandcom, que contou ainda com as
intervenções de José Couto, presidente do Conselho Superior da Vissaium XXI, e
de Nuno Dionísio, diretor do Centro de Inovação Tecnológica de Viseu, que
integra a Softinsa.
José Couto destacou que o significado de cooperação se tem alterado ao
longo dos anos. «Há uma mudança de paradigma muito importante, em que há uma
clara evolução entre o conhecimento científico e as empresas tecnológicas:
estas reconhecem que existe conhecimento e estão prontas a fazer parcerias. As
transferências de tecnologia são feitas na maioria por startups, o que não
acontecia antes».
«As incubadoras devem saber acolher um conjunto de startups e dar-lhes um ecossistema onde podem interagir, com padrões de gestão e condições para que possam sobreviver, o que é uma diferença importante», afirmou José Couto.
João Cotta salientou que «somos um país pequeno e o nosso mercado é um charco (na dimensão), com recursos limitados. Temos de encontrar parceiros com valores complementares aos nossos, que partilhem os mesmos valores, onde exista a mesma estratégia, ou seja, ter a perspetiva de olhar para o lado e fazer pontes». «O empresário tem de ter consciência que não pode fazer tudo sozinho, e a colaboração é um fator indispensável para crescer.»
Nuno Dionísio também concordou. «Sem modelo de cooperação, não seria possível funcionarmos. Interagimos com capital humano, para termos pessoas qualificadas, e por isso trabalhamos em cooperação com diversas entidades.»
No final da sessão, os três oradores indicaram aos gestores presentes
os erros que não devem cometer: não saber ceder, não terem reservas e serem
inflexíveis.
O LINK LAB VISEU foi promovido pela AEP –
Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, que conta
com o envolvimento da Deloitte, com o apoio da Konica Minolta, da Crédito y
Caución e da Iberinform, e com a colaboração da InovCluster. O projeto AEP LINK
é cofinanciado pelo Compete 2020, pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional (FEDER).