AEP Link reforça o investimento das empresas e estimula o seu financiamento
A economia portuguesa e, em particular, o tecido empresarial enfrentam
importantes desafios de caráter interno e externo.
A nível externo, o processo crescente de abertura da economia portuguesa traz enormes oportunidades e, simultaneamente, uma maior exposição a riscos, que não são controlados pelas empresas portuguesas.
Nesse enquadramento externo, releva o abrandamento da atividade
económica mundial, com o Fundo Monetário Internacional a rever em baixa (no seu World Economic Outlook de outubro) as
suas projeções de crescimento do PIB mundial em 2019, para apenas 3%. Trata-se
do valor mais baixo desde o ano de 2008, por altura da grande crise financeira
internacional, refletindo vários fatores, nomeadamente o aumento do
protecionismo, com impacto no comércio mundial, e tensões geopolíticas.
No caso da economia portuguesa, importa sublinhar que "A prevalência destes riscos torna mais
premente a implementação de políticas estruturais que promovam o aumento da
produtividade bem como o reforço da trajetória de redução do endividamento dos
diversos agentes económicos”, como refere o Banco de Portugal no seu
Boletim Económico de Outubro, na parte relativa às projeções para a economia
portuguesa.
Na verdade, a baixa produtividade é um dos principais problemas
identificados na economia portuguesa, persistindo um diferencial muito
significativo face ao nível médio europeu e que urge ultrapassar. Em Portugal,
a produtividade por hora trabalhada é de cerca de 64% da média da União
Europeia, contrastando com a situação alemã que supera em mais de 20%. O nosso
país surge na quarta pior posição (juntamente com a Grécia), apenas acima da
Bulgária, Letónia, Roménia e Polónia.
A prossecução de uma trajetória de crescimento e desenvolvimento
sustentável do nosso país requer, como bem sabemos, acréscimos de produtividade,
que dependem de vários fatores, nomeadamente da quantidade e qualidade do
capital humano e também do investimento.
Nos últimos anos, Portugal revela um peso do investimento no PIB que é
inferior ao nível médio europeu, invertendo a situação face ao observado até ao
ano de 2010.
Importa, assim, dedicarmos uma atenção muito especial ao reforço do
investimento, sobretudo na componente empresarial privada, que representa a
parte mais significativa do investimento global da economia portuguesa.
O aumento do investimento empresarial exige condições de financiamento
adequadas. Ao nível das empresas, muitas delas com níveis de endividamento
ainda elevados, a promoção do investimento passa por estimular o financiamento
com capitais próprios, reforçando os incentivos à recapitalização e promovendo
a diversificação de fontes de financiamento. Esta é uma matéria muito relevante,
atendendo às necessidades acrescidas de financiamento do investimento.
Importa acrescentar aqui outro fator muito importante: a dimensão das
empresas portuguesas. E aqui vale a pena citar alguns aspetos mencionados no 1.º
Relatório do Conselho para a Produtividade, em que aprofunda as dinâmicas
subjacentes à evolução da produtividade da economia portuguesa nas últimas
décadas, "a dimensão da empresa pode
desempenhar um papel fundamental na sua capacidade de investimento e
financiamento e no aproveitamento de economias de escala. O diferencial do
tecido empresarial português, assente numa reduzida proporção de empresas
médias e grandes, face aos nossos parceiros europeus constitui um entrave ao
crescimento da produtividade ao nível da empresa”.
É por tudo isto que o Projeto AEP Link é muito importante, ao
desenvolver e aprofundar a colaboração entre as PME e múltiplos stakeholders
que, com o seu know-how, poderão contribuir para identificar, potenciar e
concretizar oportunidade de negócio.
O mundo está a mudar e de forma muito acelerada, colocando enormes
exigências ao setor empresarial. Cooperar é, porventura, a palavra de ordem.
Uma cooperação que promova o investimento, o seu financiamento e a inovação e
digitalização nas PME.
O AEP link abrange todas estas vertentes. Registe-se aqui.
Por Maria de Lurdes Fonseca, AEP - Estudos
e Estratégia